Direto do Correio Brasiliense:
Presidentes de federações aumentam teor das reclamações contra a falta de recursos repassados pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, principalmente para as categorias de base
Jéssica Raphaela
Enquanto a elite da natação brasileira está em Barcelona para a disputa do Mundial de Esportes Aquáticos, uma crise no esporte começa a tomar grandes proporções no país. Sem verba para formar atletas de alto rendimento, presidentes de federações aquáticas se queixam do pouco investimento recebido da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e do Ministério do Esporte. Reclamam que, enquanto a CBDA recebe mais de R$ 600 mil por mês em patrocínios, algumas entidades sobrevivem com menos de R$ 300 reais mensais.
O clima de inquietação eclodiu após reunião entre o presidente da Federação Aquática de Santa Catarina, Marcelo Amin, o presidente da CBDA, Coaracy Nunes Filho, e o secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, em Brasília, no início do mês, para solicitar apoio financeiro às federações. Segundo Amin, que representava todos os estados, o Ministério não encontrou meios legais para que as necessidades de repasses fossem atendidas.
Inconformado por sobreviver sem receber verba da Confederação, o presidente da Federação de Rondônia, Nadylson Rodrigues, escreveu polêmica carta enviada a colegas de outros estados. Nela, acusou a CBDA de dirigir por longo tempo verbas, projetos, pessoas, sonhos e destinos, da forma que bem entende. Disse que clubes, associações e escolhinhas de natação estão jogados ao vento, mendigando às portas de governos e empresas para concretizar ações e ainda chamou Coaracy de matreiro, o que despertou a fúria do presidente.
O cartola da natação, há 23 anos no cargo, não deixou por menos e respondeu a carta de Nadylson, dizendo que se sentiu ofendido. A luta para manter a Confederação de pé com todos os seus programas e projetos levaram a CBDA a estar entre as três entidades nacionais de maior credibilidade e prestígio no meio esportivo, alega, ao afirmar que, se não houvesse retratação, colocaria o caso na Justiça.
Nadylson, no entanto, diz não temer o processo. Não fui ofensivo. Apenas expus uma situação real e pedi que meus colegas se manifestassem comigo, aproveitando o momento de inquietação social pelo qual o país passa, explica-se ao Correio. O rondonense afirma que as reclamações sobre a falta de repasse financeiro da CBDA é antiga. Confederações de outras modalidades ajudam financeiramente as federações, como o atletismo e o judô, mas na natação não é assim, queixa-se, ao dizer que isso reflete diretamente no futuro da modalidade.
Quem está no topo tem o apoio, consegue viajar para competir e é bancado pela CBDA. Já com os atletas de base é diferente. Muitas vezes, eles deixam de competir, porque, não têm dinheiro para passagem e para hospedagem. E estou falando de atletas que são campeões brasileiros, que teriam um futuro promissor, mas os pais e os clubes, que estão em situações precárias, não têm condições de bancar, analisa. Não queremos uma guerra, sabemos de tudo que Coaracy conquistou para a natação, mas a CBDA precisa rever os investimentos e aplicar também na base do esporte, conclui.
Discrepância
Conforme dados obtidos através da Lei da Transparência pelo ex-nadador Julian Romero (único opositor de Coaracy nos últimos 23 anos), a CBDA recebeu R$ 158 milhões de patrocínio dos Correios nos últimos 20 anos média de R$ 7,5 milhões/ano. Segundo relatou o presidente da Federação de Rondônia, Nadylson Rodrigues, se for colocado na ponta do lápis tudo que a CBDA repassou para o estado, o valor não chegaria a R$ 50 por mês.
“Quem está no topo tem o apoio, consegue viajar para competir, é bancado pela CBDA. Já com os atletas de base é diferente. Muitas vezes, eles deixam de competir, porque não têm dinheiro para passagem e para hospedagem. E estou falando de atletas que são campeões brasileiros – Nadylson Rodrigues, presidente da Federação Aquática de Rondônia