VAMOS CONTRATAR PRO ZORRA TOTAL?!

Nosso presidente virou piadista?!?!

By: Lorrane Melo e Thaís Cunha
Aos 75 anos, quase um terço deles dedicados à Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes se orgulha de uma das mais longas gestões do esporte no país. Nesse tempo, ele conta que chegou a cargos internacionais e trouxe torneios importantes para o Brasil — além de nove medalhas olímpicas. “Fiz Mundiais aqui porque tenho prestígio lá fora”, comenta, fazendo um balanço de despedida. “Não querem me tirar. Os presidentes das federações ficaram muito chateados quando eu disse que sairia em 2016”. Por fim, ele totalizará 28 anos à frente da entidade.

Se depender do governo, administrações duradouras como a de Coaracy não se repetirão no esporte brasileiro. A Medida Provisória (MP) 620/2013, inicialmente dedicada a tratar sobre o programa Minha Casa Melhor, aprovada na noite da última terça-feira, colocou um prazo no mandato dos dirigentes esportivos que pretendem continuar recebendo dinheiro público. Agora, serão quatro anos, com direito a uma única reeleição. O novo tempo de gestão, entretanto, é considerado curto para fazer “tudo o que o cargo pode realizar”, segundo Coaracy — admirado pelos chefes das outras entidades.

Caso semelhante se aplica a Carlos Nuzman, presidente do Comitê Olimpíco Brasileiro (COB) há 18 anos, e Ricardo Teixeira, ex-comandante da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na qual reinou por mais de duas décadas. “Se eles estivessem entrado no cargo há pouco, dificilmente o Brasil teria ganhado a chance de sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo”, comenta Alaor Azevedo, da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), estimando 16 anos como prazo ideal para o mandato de um dirigente e propondo um sistema de metas a serem cumpridas a cada ciclo olímpico como forma de avaliação.

A equação tem a mesma fórmula para Manoel Luiz Oliveira, presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) desde 1990. Segundo o dirigente, quanto mais tempo no comando da entidade, maiores as chances de ele ser reconhecido internacionalmente e, assim, conquistar benefícios para o esporte nacional. “Já fui presidente da Federação Pan-Americana, vice-presidente da Federação Internacional e membro do Conselho Internacional”, enumera, destacando, entretanto, que um período longo como o dele no poder não se repetirá. No último congresso da confederação, no início deste ano, Manoel Oliveira ajustou o estatuto para que o próximo presidente tenha direito ao máximo de 12 anos de mandato. Ele sugere que o governo deixe as confederações se regularem.

Apesar de considerar um aspecto positivo no projeto, por “profissionalizar” o ofício de dirigente — até então sem salários —, o presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), Jorge Lacerda, acredita que a MP foi feita para “atingir a CBF” e que a realidade das outras confederações é distinta. “A medida é colocada como um grande problema, mas para o tênis é zero”, aponta.

10 presidentes
Atual número de dirigentes de confederações olímpicas que passam do segundo mandato

About Eduardo Fischer

Eduardo Fischer é catarinense e natural de Joinville. Ex-Atleta Olímpico de natação da seleção brasileira e medalha de bronze no Mundial de Moscou, Fischer defendeu o país em dois Jogos Olímpicos (Sydney/2000 e Atenas/2004), 6 Campeonatos Mundiais e 1 Pan-Americano (Prata e Bronze). Bacharel em Direito e Advogado pela OAB/SC, Eduardo é especialista em Direito Empresarial pela PUC/PR e em Direito Tributário pela LFG/SP. Atualmente aposentado das piscinas, trabalha com Consultoria Tributária em um respeitado escritório de Advocacia (CMMR Advogados).

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