Eu não sou um cara de “tietar” muito. Atualmente, me arrependo por ter sido assim no passado, pois já encontrei muitos atletas importantes e famosos na minha vida, mas nem sempre tirei foto com eles (tietagem), pois não queria “incomodar” o sujeito…
Enfim, mas Phelps era Phelps – “O” CARA!
Então em 2004, durante mundial de piscina curta em Indianápolis/USA (quando “ergueram” uma piscina dentro de um ginásio da NBA), deparei-me com a oportunidade de tirar uma foto ao lado da lenda Michael Phelps.
E ele estava lá, parado ao lado da piscina (ao final da etapa) olhando para o “nada”, muito provavelmente aguardando alguém para ir para o hotel.
Então pensei: “Momento perfeito! O cara está sozinho, numa boa, uma foto vai lhe custar míseros 10 segundos, de modo que não vou incomodar a lenda”.
Henrique Barbosa estava comigo, e então eu passei para ele minha “super” câmera digital com 5 mega pixles (afinal, estávamos em 2004) e pedi ao amigo: “Cara, tira uma foto minha com o Phelps!”
E lá fomos. Fui chegando perto, com as duas mãos para trás (igual jogador de futebol quando discute com o árbitro com medo de tomar um cartão), meio cabisbaixo e falei: “Posso tirar uma foto com você”? (em inglês, obviamente).
Para minha surpresa e decepção, ele me olhou da cabeça aos pés e respondeu: “No!”
Sem “sorry”, ou sequer “I can’t”. Mas um simples e seco, “No”. A situação já era ruim, mas ainda assim Henrique começou a rir alto daquilo… algo que não ajudou com o enorme constrangimento.
Ele virou as costas e se foi! Não há dúvidas que ele não lembra disso e sequer faz a menor ideia quem eu seja. Mas aquilo me marcou a ponto de eu separar um post específico somente para lhes contar isso.
Contudo, o post não é sobre minha frustração, mas sim para traçar um paralelo entre esse cara que me negou uma foto, e esse outro que orgulhou-se ontem de classificar-se para sua 5ª olimpíada.
O que eu acho? Phelps era (foi e será) uma estrela, uma lenda! Isso é indiscutível. Mas lutava contra seus “demônios”, conforme declarou em seu livro e em recentes depoimentos. Creio que ele tinha dificuldades de lidar com aquilo. Talvez um “angry boy” com um problema de lidar com a fama e o fato de ser o melhor ATLETA do mundo (não nadador, ATLETA!).
Talvez pouca convivência com outras culturas do resto do mundo. Americanos as vezes são assim: Vivem tanto na “Beautiful America”, que acabam achando que o mundo se resume aos USA. E isso não é uma crítica, é um fato. Uma questão cultural.
Enfim, eu considerava Phelps um tanto quanto estranho. Talvez até um pouco soberbo e arrogante. Achei o “não” dele muito errado. Naquela hora, eu era apenas um fã querendo uma simples foto…
Mas e o Phelps de hoje? Bom, esse me parece muito diferente! Apesar se ser um cara que não está acostumado a perder e ainda ficar irritado por não quebrar um recorde mundial, hoje, me pareceu feliz com seu tempo “apenas muito bom”…. e com sua QUINTA participação olímpica, acima de qualquer coisa. Saiu, inclusive, cumprimentando várias crianças na arquibancada.
Essa lenda de hoje, sabe muito bem o que Phelps representa para o mundo. Antes, creio que ele não tinha essa noção bem clara.
Resumindo, apesar de nadar mais lento do que 8 anos atrás, Phelps me parece mais feliz e realizado.
Parabéns lenda! Você é o cara! Apesar de ter me deixado muito triste com aquele episódio, ainda acho que você é muito “FUDIDO!”
Quem sabe um dia alguém traduz esse post pra você e eu consigo uma foto em uma outra oportunidade! 😉
FISCHER.
Fischer, timing é tudo. Pouco mais de um ano deste seu episódio, tive a mesma oportunidade ao vê-lo aguardando o ônibus no Mundial de 2013. Pensei: “Tenho que tirar foto com este cara ANTES de começar o Mundial e as medalhas e recordes virem, pois depois vai ficar impossível. “, algo que o seu relato apenas confirma a minha suspeita de então.
Gosto sempre de contrapor um outro episódio com um atleta igualmente famoso na época: Carl Lewis em 1988. Los Angeles, 4 anos antes, ele havia arrebentado e com certeza era uma das estrelas daquelas Olimpíadas, ainda mais com a rivalidade com Bem Johnson. Pois bem, presenciei uma cena parecida com a sua, com uma atleta querendo tirar foto e ele simplesmente ignorou, mas ela não se fez de rogada, correu atrás e conseguiu tirar uma foto AO LADO dele.
Pensei, cara metido (se fosse quando estivesse no Minas, acrescentaria um sô no final). Mas depois refleti, se este cara para para tirar foto, todo mundo vai querer uma também, inclusive EU!
Vida de ídolo mundial naoné fácil, é cada um deles lida de uma maneira. Acho simplesmente fantástico o que o Phelps fez pela natação. Os deslizes fora da piscina mancham um pouco a expectativa que todos temos de um atleta completo, mas de jeito nenhum desmerecem os feitos olímpicos.
Grande abraço.
Graaaannde Mestre Romero! Que honra! 🙂
Então, na época, xinguei muito ele… fiquei com muita raiva… enfim, muito bom ouvir o seu relato para corroborar!
Não sei se ele fez certo ou errado. Pra mim, foi errado… mas pensando nos motivos dele, creio que ele não tenha considerado um ato falho. De qualquer forma, se eu pedisse hoje, da mesma forma, acho que ele não negaria.
Um abraço ao amigo!